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UGT Press - Brasilização do ocidente

Nº 0296 - 19 DE JUNHO DE 2012

BRASILIZAÇÃO DO OCIDENTE: o termo foi utilizado no mês passado pelo professor Ulrich Beck, emérito da Universidade de Munique, atualmente na London School of Economics. Infelizmente, a referência não é positiva. Ela alude à tendência de precarização, temporalidade e fragilidade das condições de trabalho. O professor Beck diz que essa tendência tem chegado ao primeiro mundo. "Num país semiindustrializado como o Brasil, aqueles que dependem de um trabalho a tempo completo, formal, só representam uma pequena parcela da população economicamente ativa". As sociedades industriais da Europa, até recentemente baluartes do pleno emprego e do Estado de Bem Estar Social, segundo professor "estão começando a assemelhar-se a essa espécie de colcha de retalhos que define as estruturas do sul, de forma que o trabalho e a existência da população se caracterizam pela diversidade e pela insegurança".

ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL: para as lideranças mais consequentes do sindicalismo brasileiro e latino-americano, o "Estado de Bem Estar Social Europeu" sempre foi uma meta a ser alcançado pelas jovens repúblicas da região. No ideário dessas lideranças, a segurança oferecida pelas sociedades do velho continente, sobretudo as do norte, era o caminho a ser palmilhado. Enfim, buscamos um Estado que ofereça uma proteção social capaz de dar tranquilidade à população trabalhadora. No momento em que o Estado de Bem Estar Social começa a ser contestado ou flexibilizado, os empresários (e alguns governos) do sul tem a tendência de querer suprimir direitos e diminuir vantagens duramente conquistas pelos trabalhadores no século passado, todas ainda muito longe dos padrões europeus. Nestas latitudes, a proteção social é ainda precária ou insuficiente.

ALEMANHA: o professor Ulrich Beck, como bom alemão, olha com suspeita essa tendência das economias europeias em crise e não acredita que suprimir direitos ou diminuir as vantagens que criaram o Estado de Bem Estar Social sejam corretas ou inteligentes. "De tudo isso resulta, analisa professor, que quanto mais se desregulam e flexibilizem as relações de trabalho, com mais rapidez passamos de uma sociedade do trabalho a outra de riscos incalculáveis, tanto do ponto de vida dos indivíduos como do Estado e da política. Em qualquer caso, uma tendência está clara: a maioria do povo, incluindo os estratos médios, aparentemente prósperos, verá que seus meios de vida e entorno existencial ficarão marcados por uma insegurança endêmica". Todas as citações, referentes às opiniões do professor Beck, foram extraídas de um artigo que ele escreveu para o diário espanhol "El País" (A política econômica da insegurança, página 35, de 27/05).

EXXONMOBIL: a ExxonMobil é hoje considerada a maior empresa do mundo, tirando do Wal-Mart a primazia do primeiro lugar. O faturamento da Exxon ultrapassa 450 bilhões de dólares, ingressos que representam muito mais do que o PIB (Produto Interno Bruto) de algumas nações. Steve Coll, jornalista investigativo, recentemente publicou um trabalho (O Império Privado), no qual analisou como, na década de 90, a Exxon construiu as bases que a fizeram converter-se no maior grupo privado do planeta. Coll se especializou em escrever sobre organizações impenetráveis: antes ele escreveu sobre as atividades da CIA (Central de Inteligência dos Estados Unidos) no Afeganistão e sobre a família Bin Laden. Agora, vejam o que ele disse: "Investigar a Exxon não só foi mais difícil que informar sobre Bin Laden como, de resto, mais difícil ainda que indagar sobre a CIA. A Exxon tem uma cultura de intimidação. Faz com que tenhamos medo" (a informação é de Moisés Naim - Twiter@moisesnaim).

MULTINACIONAIS: essa é uma realidade dos novos tempos: empresas com maior capacidade financeira e tecnológica do que muitos estados nacionais. Dá o que pensar quando essas grandes empresas poluem impunemente os oceanos e se transladam de um país a outro segundo as vantagens que lhe são oferecidas. Nações empobrecidas, carentes de empregos, oferecerem de tudo para ver instaladas algumas plantas industriais, onde a mão de obra barata é explorada e as condições ambientais são totalmente desprezadas. Essas empresas buscam os seus melhores funcionários nas universidades públicas e as universidades públicas fazem pesquisas financiadas pelas multinacionais. Ou seja, o sistema educacional de nossos países, da forma que foi concebido, é um constante fornecedor de cérebros para a iniciativa privada, mas não pequenas e médias empresas nacionais e nem ao próprio Estado, enfraquecido e incapaz de concorrer em salários e benefícios na contratação desses maiores talentos. Esse novo mundo, em que a proteção social é desprezada, em que a contratação temporal e precária se transforma em moda, em que os estados nacionais são mínimos e impotentes, e em que as empresas são globalizadas, fortes e impenetráveis, só poderia mesmo levar à insegurança crônica e à ausência de paz.

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Escrito por: caz.sinpefesp
Postado: 26/06/2012
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