CUT: a Central Única de Trabalhadores (CUT) foi a primeira a se organizar como central de trabalhadores no Brasil. Oriunda do Conclat (Congresso das Classes Trabalhadoras) em 1973, desde logo comportou uma divisão: os então moderados permaneceram no Conclat e posteriormente fundaram a CGT (Central Geral dos Trabalhadores) e esta por sua vez se dividiu em outras organizações. O outro grupo, à época considerado vanguardista, formou a CUT, que permaneceu unida em meio a muitas tendências e partidos de esquerda, tendo como lado majoritário o Grupo Articulação e o PT (Partido dos Trabalhadores). Sempre se dizendo pluralista e de esquerda, a CUT continua sendo a maior central do Brasil e uma das maiores do Ocidente. Faz parte da CSI (Confederação Sindical Internacional), que tem como presidente o professor João Felício, eleito no ano passado em Berlim. Também está na CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas), fazendo parte de sua direção (Rafael Freire Neto, professor, é membro do Secretariado da CSA). Tem, juntamente com a Força Sindical (FS), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) muita influência nessas duas organizações internacionais (CSI e CSA),
12º CONCUT (CONGRESSO DA CUT): o décimo segundo congresso da CUT foi o maior de sua história. Realizado de 13 a 17 de outubro, em São Paulo, teve quase três mil delegados nacionais, oriundos de suas organizações filiadas. Facilitado pela realização em dias anteriores (10 a 12 de outubro) da reunião do Conselho Geral da CSI, o 12º CONCUT obteve a presença recorde de 250 delegados internacionais, incluindo os secretários gerais da CSI e CSA, Sharon Burrow e Victor Báez. Entre autoridades nacionais e estrangeiras, registraram-se as presenças de Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai. Também foi muito festejada a presença do presidente da UGT-Tunísia, Houcine Abbassi, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 2015, juntamente com outras três personalidades daquele país. Tudo isso fez do 12º Concut um congresso para não ser esquecido pelos cutistas.
DILMA, LULA E MUJICA: a presença desses três pesos pesados da política do Cone Sul, foi planejada. Ali, Dilma fez talvez o seu mais vigoroso discurso em defesa de seu mandato, ameaçado pela baixa popularidade e por forças políticas contrárias no Congresso Nacional comandadas por Eduardo Cunha, um homem cuja biografia, nas últimas semanas, vem sendo recheada por fatos negativos e condenáveis. Em seu discurso, Dilma foi enfática ao dizer que esses que tramam contra o seu mandato "são moralistas sem moral", arrancando aplausos de uma plateia rigorosamente amiga. A maioria dos delegados estrangeiros saiu impressionada. Já, antes, na reunião do Conselho Geral da CSI, realizado no Hotel Renaissance de São Paulo, fora aprovada uma moção a favor da democracia e contra golpes que subtraem a vontade do povo. Enfim, o 12º Concut e a reunião do Conselho Geral da CSI foram palcos favoráveis à presidente do Brasil.
OUTRAS INICIATIVAS: além da reunião do Conselho Geral da CSI, foram realizados outros eventos importantes na mesma semana: no dia 13/10 um seminário internacional sobre "concentração da riqueza e o ataque aos direitos e às democracias" do qual participaram todos os líderes estrangeiros presentes e, no dia 14/10, houve a cerimônia de lançamento do Relatório da Comissão Nacional da Memória, Verdade e Justiça da CUT, onde estiveram presentes membros do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH), entre eles, o professor Paulo Vanucci. Dentro da programação do Conselho Geral, foi realizada a reunião da Comissão Mundial de Direitos Humanos, para a qual foi convidado Laerte Teixeira da Costa, vice-presidente da UGT e membro do Secretariado da CSA.
PRESENÇAS NACIONAIS: todos os principais dirigentes sindicais brasileiros estiveram presentes no 12º Concut, entre eles o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT-Brasil), Ricardo Patah. Mesmo estando no espaço reservado aos delegados internacionais, Patah foi cumprimentado por Dilma Rousseff. Patah também esteve presente em um jantar reservado e especial com o presidente Pepe Mujica, com quem conversou longamente. O presidente da UGT-Brasil aproveitou o evento para se encontrar com lideranças mundiais, especialmente o Prêmio Nobel da Paz, Houcine Abbassi, dirigentes da CSC-Belga e de outras centrais europeias. Foi uma semana em que São Paulo respirou sindicalismo e a CUT aproveitou para fazer a defesa do atual governo.
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