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Magri: temos que repensar e fazer um outro Sindicalismo!

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Magri: temos que repensar
e fazer um outro Sindicalismo!
 
Antônio Rogério Magri conhece bem os dois lados do balcão do poder no Brasil.

Foi um dos mais influentes sindicalistas do País à frente dos eletricitários.

Fundou e presidiu a CGT (Central Geral dos Trabalhadores).

Fez parte da liderança dos maiores movimentos de trabalhadores durante a ditadura militar nos anos 80.

Por tudo isso, foi ministro do Trabalho e Previdência Social durante o governo de Fernando Collor, de 1990 a 1992. Conheceu os bastidores da política. E foi fustigado por todos os lados.

Passado o furacão, Magri jamais voltou à liderança sindical nem ao governo, mas, aos 76 anos que não aparenta, ele se mantém fiel aos trabalhadores dentro da ideologia na qual acredita.

Hoje, é assessor político da Força Sindical e de vários sindicatos, entre eles, o Sinpefesp e a FEPEFI.

Mundo Sindical – A expectativa é que a contribuição sindical, se derrubada pela reforma trabalhista, seja mantida através de Medida Provisória. Isso é viável? Já há negociações nesse sentido com o Ministério do Trabalho?

Magri – Não acho que seja inviável. Isso já está sendo discutido, em certo patamar, com as centrais sindicais e o Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, da Força Sindical, tem sido um baluarte, porque ele está dentro do Congresso e reúne as condições todas (para negociar) e vai liderando as outras centrais.

A própria CUT está dentro desse sistema, a UGT, o pessoal todo. E o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que é uma pessoa que eu conheço pessoalmente e merece crédito, reconhece publicamente que é impossível você desconectar o movimento sindical da reforma trabalhista.

A reforma trabalhista proposta precariza barbaramente a relação capital e trabalho.

Na hora em que você já terceirizou, e grande parte vai terceirizar, na hora em que você coloca o negociado acima do legislado, na hora em que você permite que cada setor com mais de 200 funcionários crie uma comissão que passa a ser uma comissão à parte do sindicato, você tira o movimento sindical dessa luta.

Você entrega o trabalhador nas mãos do empresariado. Esta é a visão neoliberal. Ou seja, o mercado se autorregula. Não precisa de sindicato. É uma precarização sem tamanho.

Mundo Sindical – Nesse cenário, quais são as perspectivas do sindicalismo?

Magri – Acho que deve realmente sair uma Medida Provisória, não para manter o imposto sindical, mas, sim, para a estrutura continuar funcionando. A partir da aprovação da reforma trabalhista, o sistema que Getúlio Vargas implantou em 1943 também acaba. Esse alinhamento sindical terminou. Temos que repensar e fazer um outro sindicalismo. Eu não tenho dúvida disso. Com a reforma trabalhista a atual estrutura sindical acaba. Nova fase vai começar.

Mundo Sindical – O senhor mencionou o surgimento de um novo sindicalismo. Como as centrais e todo o movimento sindical podem trabalhar nesse sentido?

Magri – Essa é uma pergunta danada. O cachimbo entortou a boca. Ao longo desses setenta e tantos anos, o movimento sindical foi se moldando nesse procedimento. Muitos sindicatos – 50% dos sindicatos brasileiros – não têm representatividade.

No ano passado, quase seis mil sindicatos não fizeram sequer um acordo coletivo, um acordo comum, nada. É esse tipo de sindicato que tem de acabar. Mas entidades como o dos metalúrgicos, dos comerciários, químicos, que trabalham duro, têm que prevalecer. São sindicatos fortes e poderosos.

Como acabar com isso? Respondo: primeiro, a nova maneira de financiar os sindicatos que está sendo negociada. Ainda não sei como vai ser, mas é uma coisa mais ou menos assim: quem vai dizer quanto vai de contribuição para o sindicato é a base, é uma assembleia que tenha um número mínimo de trabalhadores. É ela que vai dizer quanto vai para o sindicato, para a federação, para a confederação...

Mundo Sindical – Ao invés de vir de cima para baixo, a decisão vem de baixo para cima...

Magri – Exatamente. Quando o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo faz uma assembleia com 4 mil, 5 mil pessoas, o presidente Miguel

Torres, que é uma grande liderança, vai dizer: vocês podem dar quanto? Eu quero propor aqui 1% (sobre o salário) por mês. A categoria se sente representada? Sim, pois ela vota. Aí pega um desses sindicatos menores. Ele não faz. Então vai se extinguir...

O grande movimento sindical é sério, é competente, tem dado uma contribuição muito importante ao longo de décadas.

Nós não podemos subestimá-lo como faz esse Rogério Marinho (PSDB-RN), deputado e relator da reforma Trabalhista na Câmara. Queria perguntar a ele: quais foram suas atividades trabalhistas? O que você fez na vida? Você teve uma vida de trabalhador? Você trabalhou no chão de fábrica? Você abriu valeta? Você foi dirigente sindical? Você faz uma reforma trabalhista teórica, da sua cabeça, achando que o que você pensou vai resolver tudo. Esse é o problema. Vai haver uma reforma, estruturante, só não dá para saber como será.

Mundo Sindical – Como o senhor vê a união dos sindicatos e das centrais sindicais em relação às reformas trabalhista e previdenciária?

Magri – Não há outro caminho. O que temos que ver são as diferenças ideológicas. O que nos divide nós já sabemos. Precisamos saber o que nos une. Mas encontramos um viés que nos une. Na verdade, o movimento sindical sabe que é preciso fazer algumas reformas. Mas elas têm que ser feitas por uma Assembleia Nacional Constituinte nova, soberana.

Nenhuma reforma pode ser feita pelo Congresso que aí está. A grande maioria deles é corrupta. O deputado Arthur Maia, relator da reforma da Previdência, deve para a Previdência e está dizendo o que a Previdência deve fazer. O presidente do Senado, Eunício Oliveira, deve para a Previdência e está na lista de quem recebeu propina. Esse cara vai dizer para mim que tenho de me aposentar aos 65, 70 anos? Por isso que esse é um grande problema do movimento sindical.

Não é que o movimento não aceita conversar. Aceita, sim, mas com uma Constituinte soberana, com pessoas descomprometidas com o sistema.

Escrito por: caz.sinpefesp
Postado: 08/08/2017
Número de Visitas: 646

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