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Sem Nelson Prudêncio, o Brasil fica menor!
Três meses. Mais ou menos isso. Eu ainda estava como presidente da Federação Paulista de Atletismo. Comandei uma assembleia com representantes de clubes para aprovação do Relatório de Atividades da entidade relativa a 2011. Entre os presentes, uma pessoa que deu brilho ao encontro. Brilho por seu histórico de vida como atleta e, também, como ser humano da mais alta qualidade. Quem estava lá, na sala de reuniões da FPA, era ninguém menos do que Nelson Prudêncio, cujo nome, a meu ver, não pode ser pronunciado sem antes ser reverenciado. Menos de 90 dias, chega a mim a notícia de seu estado grave de saúde e de sua consequente morte vítima de um câncer de pulmão.
Tenho certeza. Nosso querido Nelson, na ocasião por mim lembrada, não sabia de seu problema de saúde. Estava tranquilo. Atento aos detalhes do Relatório de Atividades e, acima de tudo, como sempre, aliás, humildemente a postos para dar suas opiniões construtivas, pois, em sua trajetória, sempre lutou pelo atletismo e pela prática do esporte como filosofia de emancipação social de um país.
Ao longo de minha gestão na FPA, tivemos a oportunidade de participar da fundação do Instituto Memorial do Salto Triplo, visando, com isso, resgatar a memória da prova do atletismo que mais medalhas olímpicas trouxe para o Brasil.
Pois bem. Esse Instituto não seria possível sem Nelson Prudêncio e suas conquistas nas pistas nacionais e internacionais. Afinal, ele foi medalha de prata, no México, e de bronze, em Munique, escrevendo uma das mais gloriosas páginas do desporto brasileiro.
No momento em que escrevo esse depoimento, folheio o livro “Salto Triplo: Tradição de Ouro!”, editado pelo Memorial em homenagem a vários atletas que fizeram da prova excelência e exemplo para o mundo.
Paro nas páginas dedicadas a Prudêncio. O texto começa demonstrando ao mundo que um raio pode sim cair duas vezes num mesmo lugar, pois Nelson sucedia no pódio, com a mesma qualidade, outro monstro sagrado: Adhemar Ferreira da Silva.
Para esta mesma publicação, solicitamos a Prudêncio um amplo estudo sobre o salto triplo, com sua evolução histórica e suas perspectivas.
Não preciso dizer que o texto tornou o livro fundamental como objeto de estudo. Nele aparece não só o grande atleta, mas, sobretudo, o professor Nelson Prudêncio, mestre em Educação Física pela UNESP de São Carlos.
Como poucos, o grande Prudêncio emprestou sua força e dignidade para o fortalecimento da categoria dos profissionais de educação física.
Era meu amigo. Meu mestre. A figura a qual eu recorria nos momentos difíceis.
Nelson deixa uma lacuna que jamais será preenchida, pois será difícil outra pessoa combinar, de forma tão precisa, talento com caráter.
Finalizo apresentando à família do nosso eterno professor - como ele é chamado no título do texto divulgado em “Salto Triplo: Tradição de Ouro!” – minhas condolências e sinceros votos de pesar.
José Antonio Martins Fernandes,
Ex-Presidente da Federação Paulista de Atletismo,
Presidente do Sinpefesp – Sindicato dos Profissionais de Educação Física de São Paulo e região e
Presidente eleito da CBAt – Confederação Brasileira de Atletismo
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